Autonomia e soberania alimentar foram destaques na abertura de Encontro de Professores

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Pela primeira vez em formato virtual devido à pandemia causada pelo Coronavírus, iniciou-se na noite desta segunda-feira, 23 de novembro, o 35º Encontro Estadual de Professores e 8º Congresso Nacional de Ensino Agrícola. O evento é promovido pela Associação Gaúcha dos Professores Técnicos de Ensino Agrícola (Agptea) em parceria com o Programa de Inovação Pedagógica (Proipe), da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM). A segurança alimentar norteou o painel da primeira noite do evento.

Na abertura, o presidente da Agptea, Fritz Roloff, falou sobre o desafio da realização de um evento de forma online, assim como também está sendo desafiador o ensino em tempos de pandemia. “Este ano está nos desafiando em todos os sentidos, também no fazer pedagógico. Este evento é o rompimento de um velho paradigma e mostra que podemos inovar sim. O encontro tem a pretensão de levar elementos para que as escolas possam renovar seus currículos e que possam olhar da porteira para fora. Temos que olhar nossas escolas não só para dentro, mas envolvendo todos os participantes”, destacou.

De acordo com o presidente da Agptea, a inclusão do tema da segurança alimentar foi fundamental para o entendimento da necessidade de buscar alternativas ao modelo de produção baseado no uso dos agrotóxicos. “Entendemos que cada professor deve estar à frente do ato pedagógico com um compromisso diferente, levando em conta as questões fundamentais para oferecer uma educação de qualidade”, afirmou.

O presidente do Conselho de Diretores, Luís Carlos Cosman, salientou que este ano foi de provação para as escolas no sentido de não ter o dia a dia do aluno no diálogo presencial. “É um ano de aprendizado em que cada dia precisamos nos reinventar e buscar alternativas de manter nossas escolas vivas mesmo com o aluno participando de forma virtual. A tecnologia nos ajuda muito, mas também nos mostra que a presença humana é insubstituível. Este contato entre o professor e o aluno não será substituído pelas máquinas. Nossas escolas que formam o aluno, o profissional e o sucessor familiar mais do que nunca demonstram sua importância na sociedade como um todo”, ponderou.

Já o coordenador do Proipe, Ascísio Pereira, ressaltou a participação da universidade em articulação com a sociedade. “A formação de professores não se dá apenas no processo de formação no curso de graduação, mas no dia a dia, no seu trabalho, após a sua formação. E é um trabalho intenso no qual os professores não podem parar sua formação continuada. A construção do conhecimento e a formação não é obra, mas sim resultado de muito esforço coletivo para que as coisas aconteçam. Entendendo o papel de todos dentro do processo é que podemos ter um evento como este”, observou.

O conferencista da noite, professor e engenheiro Agrônomo e Florestal, Sebastião Pinheiro, abriu a sua fala trazendo exemplos do trabalho realizado por agricultores mexicanos para mostrar a importância do técnico em agricultura e quem o forma. Ao mesmo tempo, fez uma homenagem à Escola Normal Rural de Ayotzinapa que perdeu 43 estudantes em um acidente, estendendo para a Agptea e o ensino agrícola no Brasil. “Uma das coisas mais importantes que o México fez foi alfabetizar os agricultores adultos e tornar bolsistas todos os filhos de agricultores em escolas técnicas de agricultura”, informou, lembrando que a ética de um agricolino (técnico em agropecuária) é atender com sabedoria ao camponês “que é quem alimenta a todos nós”.

Pinheiro trouxe para o debate a questão sobre o uso de herbicidas em uma agricultura de harmonia, equilíbrio e riqueza civilizatória. “Não podemos cometer este erro, daí a importância de entender isto como técnico agrícola, como quem ensina e forma o jovem em agricultura”, lembrando o exemplo de uma escola no Norte do México onde as crianças plantam, colhem, lavam e comem as suas hortaliças. “Isto é educação para a soberania alimentar ultrassocial do camponês, que ocorre também nas Filipinas, na Índia e no Japão”, observou.

O tema pandemia também fez parte da palestra de Pinheiro. Destacou que, neste momento, milhares de pessoas querem voltar à terra para poder ter saúde e é preciso educá-las para saberem o que é a vida que está embaixo da terra. “Somos o que comemos e queremos nos alimentar com qualidade, harmonia, evolução, civilização e cultura”, enfatizou, afirmando que a pandemia mostrou a importância dos camponeses. “Autonomia e soberania alimentar com qualidade, baixo custo e para todos, é assim que pulsa o nosso coração. Plantas sãs geram alimentos sadios e crianças saudáveis. Depois desta pandemia nós vamos ter muito mais força, vamos estar mais conscientes da importância daquele que alimenta a humanidade, ou seja, os nossos camponeses”, finalizou.

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