Mercado de trabalho para o técnico agrícola busca profissionais com formação em várias habilidades

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A formação técnica e as expectativas do mundo do trabalho e a tendência do consumo de carnes no Brasil foram temas do 35º Encontro Estadual de Professores e 8º Congresso Nacional de Ensino Agrícola na noite desta quarta-feira, 25 de novembro. Em formato virtual, o evento atraiu internautas da Argentina, Paraguai e Uruguai. As iniciativas são uma promoção da Associação Gaúcha dos Professores Técnicos de Ensino Agrícola (Agptea) em parceria com o Programa de Inovação Pedagógica (Proipe), da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM).

Na primeira palestra do encontro virtual, o vice-presidente do Sindicato dos Técnicos Agrícolas do Rio Grande do Sul (Sintargs) e diretor jurídico da Federação dos Técnicos Agrícolas do Brasil (Finta-BR), Vinícius Manfio, fez um alerta sobre o cenário para o futuro. “Não há hoje, nem quando eu passei por minha formação, como prever, quando nos formamos, como será o mercado de trabalho. Então, a nossa formação sempre está em descompasso com o que vamos encontrar. Há também uma dúvida onde esse profissional irá se inserir, no mercado público ou privado ou na agricultura familiar”, ponderou

De acordo com Manfio, impactam também nessa desconformidade a complexidade das tecnologias de informação, como o acesso dos produtores do campo ao ensino à distância e a agricultura de precisão “que nada mais é que você pegar um conhecimento e aplicá-lo no momento, forma e quantidade corretos. Será que isso estará disponível para todos? Será que todos os técnicos agrícolas formados trabalharão com isso? Talvez não”, provocou, para reflexão, o vice-presidente do Sintargs.

Com base na sua experiência profissional, Manfio mostrou-se preocupado por encontrar famílias no campo sem a expectativa de gerar renda e produtividade. Por isso, também apontou a importância das habilidades genéricas e de convívio com outros seres humanos como fatores importantes para o mercado de trabalho, chamando a atenção dos professores agrícolas. “Os senhores não formam apenas técnicos agrícolas, mas seres humanos com capacidade de mudar a realidade social, econômica e ambiental no local em que serão inseridos”, destacou. “Se hoje eu pudesse fazer uma aposta seria no gerenciamento de propriedades, no estímulo local. Em 2050 cada indivíduo terá, no mínimo, cinco profissões. O que vai determinar o sucesso dele é o conjunto de ferramentas e suas habilidades. O mercado técnico agrícola está sempre buscando um elemento a mais e melhores remunerações. Mas o mercado de trabalho não quer só especialistas mas generalistas com uma série de habilidades na sua formação”, afirmou.

O mediador da noite, Danilo Oliveira de Souza, vice-presidente de Assuntos Educacionais da Agptea, ressaltou que a escola agrícola é uma formadora de valores. Disse que todo o indivíduo que passa por estas instituições de ensino jamais esquece seus professores e o aprendizado adquirido. “É uma marca que fica na vida de cada um e a Agptea tem trabalhado para levar aos alunos estas trocas de informações”, acrescentou.

Na segunda palestra da noite, Daniel Claudy da Silveira, da Universidade Regional do Noroeste do Estado do Rio Grande do Sul (Unijuí) e da Universidade Regional Integrada do Alto Uruguai e das Missões (URI/Campus Santo ngelo), abordou o tema “A tendência do consumo de carnes no Brasil”. Destacou que falar sobre mercado em um momento de pandemia é bastante desafiador. “O mercado é muito dinâmico e por isso a importância em entender a oscilação entre a oferta e a demanda. Sempre há riscos no processo de escolha e precisamos tentar diminuir as chances de erro por meio do aprendizado e busca de informações para tomar a melhor decisão possível”, observou, lembrando que hoje as pessoas direcionam a sua renda já em queda para produtos de primeira necessidade e, com isto, o investimento tanto no lado do produtor quanto do consumidor está sendo mínimo. “Não é o momento de fazer dívidas, mas repensar estratégias futuras”, afirmou.

Conforme Silveira, o Brasil é um grande player no mercado mundial de carne justamente por vantagens competitivas como clima, terra e know-how produtivo. “Os Estados Unidos são o principal produtor mundial de carnes, mas o Brasil vem logo em seguida, com mais de 7 milhões de toneladas produzidas em 2019, crescimento de 7,44% na comparação com 2018. No ano passado, o mercado nacional representava 21% das exportações mundiais, considerando bovinos, aves e suínos”, informou.

De acordo com o especialista, há uma tendência de queda no PIB pecuário projetado para 2020, mas para 2021 há uma previsão de aumento, levando em conta a chegada das vacinas contra a Covid 19 e a continuação das compras chinesas que neste ano, somente em carne bovina, cresceram 116% entre janeiro e setembro, em relação ao mesmo período de 2019. “Para este final de ano a perspectiva para o boi gordo é que a atenção do mercado se volte ao abate e ao consumo doméstico, o que também poderá se refletir em redução da oferta gerando aumento de preços para o setor varejista e, consequentemente, queda na demanda nacional por carne,” concluiu.

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